sábado, 30 de junho de 2007

O pecador amado...




Quanto tempo demorei para perceber e entender o quão somos feitos um para o outro... Quanto tempo demorei para adquirir sabedoria insuficiente apenas para entender que meus dias correm no brilho dos Teus olhos, as vezes em tristeza, as vezes em agonia, as vezes em orgulho... sempre com carinho...

Quanto tempo levei só para dizer que necessito de Ti incondicionalmente... Apesar dos erros insistirem em me acusar... Quanto tempo levei para aceitar que sou fiel a Tua respiração, que sinto pesar a insolência dos meus sentimentos... Quanto tempo perdi com minhas fúteis e egoístas preocupações... Quanto tempo ficamos longe um do outro, eu me afasto e Vc com aquele olhar tristonho... sempre me deu a oportunidade de agir por conta própria... me aceitei como queria ser... já Vc, me aceitou como sempre me repudiei...

Quanto tempo andei devaneando por estradas desconhecidas pelo pacto de nossos desejos... pedras profetizavam morte em meus pés... Quanto tempo andei longe do que imaginava ser o certo só para poder desfrutar um pouco do errado... Quanto tempo andei pensando como Tua lealdade injustiçava meu livre-arbítrio... sempre deixou-me agir... nunca me amou de verdade? Jamais imaginei que isso sim era amar... algum dia em minha cabeça, um rio de anseios em águas tranquilas corria, fazendo brotar em suas margens, verdes relvas férteis em arrependimento...

Quanto tempo causei um sofrimento irreparável em Tuas chagas... Tão preciosas e incuráveis... para cada sucedo um alívio... mas ao entardecer antigas reações castigam a ferida... lágrimas vermelhas e viscosas perdem-se por entre Teus dedos... ouço um pequeno gemido... seria dor? Ou aflição? Ouço ecoar no silêncio dos meus pensamentos um clamor... lembro-me de quando conversava contigo... sempre quiseste de mim o que eu desprezava por demais... Quanto tempo causei em Vc a vergonha da decepção...

Quanto tempo oprimi minha sabedoria só pelo prazer do momento... Quanto tempo oprimi minha visão por apenas não querer enxergar... em saber que sempre estivestes ao meu lado... a ingratidão dos meus atos não destruiu os nossos planos... a Tua compaixão me constrange... eu sempre quiz Te conhecer melhor... mas nossos caminhos não se encontravam... os passos sempre foram tão forçados... caminhar parecia sobreviver por mais algum tempo... a contagem retrocede e novo ânimo era acrescentado...

Quanto tempo iludi meus amigos e mulheres apenas para afagar o meu ego... Quanto tempo iludi minha grandeza só para comer mais um pouquinho das bolotas dos porcos... Enquanto isso, sentado à mesa me esperavas... incansáveis segundos... dava para perceber Tua esperança ao olhar pela janela... procuravas-me pela escuridão como se dia fosse... acalentava-me a represália devota da Tua anulação... Acredito ao menos que para Ti algo seja impossível...