sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Passos feridos...


As vezes perecemos por desconhecer o poder concentrado dos nossos sentimentos... Sabia que as nuvens só estarão sob seu caminhar... sabia que nada será como antes até que d'eles tu fores íntimo, como uma só carne... Isso por quê entrega-mo-lhes o que lhes é de direito... o direito intransferível de cuspir em nossa face cada vez que olhamos para baixo...

Já teve a sensação de caminhar a vida toda e mais seis meses e não chegar a lugar algum... todos os seus sonhos... suas experiências... toda a sua "glória"... tudo isso não servir nem para a estação de tratamento de esgoto mais próxima à sua casa... aquela sensação de que ao final do dia o que você conseguiu foi acumular calos de insatisfação, graças as obras de suas mãos...

Quando retiro os sapatos e deixo escorrer o sangue, já coagulado, após a última gota respingar a calça que usarei no dia seguinte, me surpreendo com a cancra maligna que assola a planta do meu melhor pé... imaginem a dor aguda que emana do fundo da alma!!! Alguém tem um analgésico aí? Bom, mas como ia dizendo, invariavelmente, é como se lentamente, feridas cicatrizadas fossem cavucadas e dilaceradas pelas pontas afiadas e da desilusão... é como se na raiz do alicerce, estivesse cravado, um caco coxeante, impacando a alçada dos saudosos vôos ilimitados...

Isso tudo não te serve para nada... poderia descrevê-lo simplesmente como um ator que, ao silêncio de sua merecida ovação, ou até mesmo ao som de injustas vaias, entrega à vida sua coragem meretrícia... consigo compreender sua dor... consigo divisar através das chagas e penetrar em seus pensamentos... não consigo discernir bem o que senti, mas adianto que é algo próximo ao desgosto de perder um filho...

Não adianta você se preocupar comigo... tentar fazer-me melhor não resolverá meus problemas... também não quero por perto quem me têm por coitado.. quem ama-me por piedade... por que eu sempre vejo medo por trás desses olhos verdes??? Quão difícil têm sido manter a cabeça erguida... sempre que chega a hora de ir embora uma lágrima de saudade e um grito de desespero amaldiçoam-me por ter onde morar...

Hoje eu me feri mais um pouquinho... sem contar as partes mutiladas que já nem sinto mais... é muito fácil pedir para ser diferente, o difícil é viver na personificação da indiferença... é extremamente ávido julgar-me fraco... pois ser forte é ludibriar seus próprios desejos... mais sublime que privar-me de desfrutar minha jovialidade... é negar-me o direito de sorrir só para ver até onde eu suporto chorar...